A VIDA NO PÓS-PANDEMIA

 O brasileiro está otimista com o futuro, mas ficou muito mais exigente com os produtos, bens e serviços que consome e preocupado com os impactos ambientais e sociais de suas decisões de compra

por: CONEXÃO GLOBAL

As mudanças provocadas pela pandemia do coronavírus terão impacto profundo sobre nosso futuro. Uma das mais relevantes diz respeito à maneira como nos relacionamos com o consumo. Práticas como as compras online e o uso de serviços de delivery se incorporaram no nosso dia a dia de forma irreversível, assim como novas maneiras de lidarmos com o dinheiro e formas de pagamento eletrônicas. No entanto, a Covid-19 mudou radicalmente a maneira como as pessoas vão decidir o que, de quem, quando e como vão comprar os produtos, bens e serviços de que necessitam. E uma mensagem é clara: respeito aos padrões éticos, de sustentabilidade e de qualidade serão decisivos nessa decisão.

O padrão de comportamento descrito acima é uma das principais constatações da pesquisa EY Future Consumer Index-Brasil produzida pela consultoria internacional Ernst Young, recém-publicada pela plataforma Veja Insights do país. No estudo, foram ouvidas pouco mais de 1000 pessoas com idade entre 18 e 65 anos e de todas as faixas socioeconômicas nos meses de junho e julho. Entre os entrevistados, estão pessoas que mudaram seus estilos de vida de forma voluntária desde a chegada do vírus, as que seguiram com os mesmos hábitos e ainda outras que perderam os empregos ou renda e foram obrigadas a abrir mão do padrão anterior.

Entre os dados que chamaram a atenção dos pesquisadores foi o otimismo com a recuperação da economia brasileira, em que 42% dos entrevistados dizem acreditar que a economia brasileira estará melhor em 12 meses. O mesmo contingente acredita que nesse período de tempo a vida já terá voltado ao normal. E 55% se diz confiante no futuro. ”São números consideravelmente maiores do que os registrados em países da Europa e da Ásia em que realizamos o mesmo estudo”, afirma o diretor da EY responsável pelo estudo, Miguel Duarte. 

O retrato revelado pelo estudo da EY mostra uma posição mais crítica dos consumidores brasileiros em relação aos gastos e estilo de vida. Para 75% deles, a pandemia serviu como uma motivação para repensar o que é de fato importante em suas vidas. Para 81%, as necessidades da família passaram a ser prioridade no processo de escolhas. Maior preocupação com a saúde física e mental passaram a ser decisivos para 79% e 77% dos respondentes, respectivamente. Para 70% das pessoas, os hábitos de consumo levarão em conta com impactos sociais de suas decisões e 71% estarão atentos ao comprometimento das empresas de quem adquirem produtos e serviços como as questões ambientes. 

Da mesma forma que estão mais atentos à relação custo-benefício de seus gastos e aquisições (73% dos entrevistados revelaram essa preocupação) também serão mais rigorosos com marcas, lojas e estabelecimentos comerciais que prestarem serviços baixo de sua expectativa (65% disse que deixarão de comprar caso isso aconteça). Por outro lado, demonstraram maior fidelidade com marcas e empresas em que confiam (64% revelaram que se aproximarão mais de empresas que atendam suas expectativas). ”A pandemia acabou gerando cidadãos mais preocupados com o mundo à sua volta, mais incisivos ao exigir os seus direitos e muito mais cuidadosos com sua qualidade de vida”, conclui Miguel. As empresas que estiverem atentas a esse novo perfil têm chances muito maiores de serem bem-sucedidas em um ambiente econômico e social completamente novo.