UM ALENTO NA CRISE

Mercado imobiliário desponta como uma das melhores opções de investimento em meio às dificuldades provocadas pela Covid-19 

 

por: CONEXÃO GLOBAL

 

 

 

 

 

Em meio à pandemia do novo coronavírus é impossível não se preocupar com as incertezas que tomaram nosso cotidiano. A maior delas, obviamente, é a angústia de enfrentar uma doença gravíssima e todos os cuidados individuais e coletivos que isso implica. Em seguida, vem a dúvida sobre o que nos espera no futuro, depois que tudo isso passar. Os prognósticos são sombrios e apontam para os rigores de uma recessão e as dificuldades decorrentes das baixas taxas de crescimento econômico. No entanto, mesmo em meio a tamanho pessimismo, há áreas que vislumbram maiores chances de retomada e uma recuperação mais rápida que os demais.  É o que acontece com o setor imobiliário.

Quando o primeiro caso de coronavírus foi notificado no Brasil, mercado de imóveis vivia uma fase de expansão e otimismo. Entre janeiro e fevereiro, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) registrou o lançamento de 6 781 unidades, alta de 34,6% em relação ao mesmo período de 2019. As vendas, por sua vez, chegaram a 19 077 unidades no bimestre de 2020, avanço de 25,9% frente aos dois primeiros meses do ano anterior. A taxa Selic, base para os juros utilizados nos financiamentos, vinha mantendo uma tendência de queda, em uma estratégia do Banco Central estimular os investimentos no país. E as imobiliárias aperfeiçoavam seu negócio com novos modelos de financiamento para atrair mais investidores e compradores.

A chegada do vírus, no entanto, atingiu em cheio uma das etapas cruciais da expansão do setor: os lançamentos e programas de vendas de novas unidades. A quarentena em vigor por todo o país levou ao fechamento dos estandes e paralisação das vendas diretas aos clientes. O Secovi-SP, em levantamento realizado com empresas de compra e venda de imóveis da cidade de São Paulo e do interior paulista, aponta que a demanda de compra por imóveis novos caiu 63% durante o mês de março. Em termos de concretização de negócio de compra e venda, houve queda de 67,5%.

Tais indicadores, no entanto, não significam que o setor imobiliário paralisou suas atividades em meio à crise. As obras seguem a pleno vapor, uma vez que a construção civil é considerada atividade essencial pelo governo. Munidos de máscaras, equipamentos de proteção e trabalhando de acordo com normas de distanciamento físico em áreas abertas e pouco adensadas, 54 000 operários trabalham em 757 canteiros pertencentes às 36 incorporadoras que fazem parte da Abrainc. Os funcionários das empresas passam por medição de temperatura e testes para o diagnóstico de Covid 19 e o índices de infecção equivalem a um décimo do registrado em alguns bairros da cidade de São Paulo.

Desde o início da pandemia o setor imobiliário tem contado ainda com medidas de apoio para seguir em frente. A Caixa Econômica Federal anunciou recentemente um pacote de estímulo no valor de 43 bilhões de reais para antecipar recursos às incorporadoras e dar mais alívio aos mutuários da casa própria, além de incentivar as pessoas físicas a tomarem crédito imobiliário. Com o pacote o Governo Federal apoiou concretamente um setor que viu seu Produto Interno Bruto (PIB) crescer 1,6% em 2019, ante um crescimento nacional de apenas 1,1%. “As medidas anunciadas pela Caixa dão tranquilidade para que o setor continue gerando emprego, com acesso a capital de giro e possibilidade de antecipação de recursos para manter o fluxo das obras”, diz Luiz França, presidente da Abrainc.

O resultado de tamanho esforço pode ser medido nos relatórios feitos por especialistas em investimentos que apontam a compra de imóveis como uma boa opção comparada a outras aplicações do mercado financeiro. Com a taxa de juros básicos em 3% ao ano e a perspectiva de que chegue a 2,5% no segundo semestre, os financiamentos são atraentes a potenciais compradores. “É uma ótima oportunidade para aqueles que buscam geração de rendimentos e estão fugindo dos fundos de renda fixa”, diz Rodolfo Amstalden sócio da Empiricus Research, onde é responsável pela área imobiliária.

Nos últimos 10 anos, os imóveis valorizaram em média 9,4% ao ano, índice 44% maior do que os rendimentos pagos pela poupança no mesmo período. E quem comprou uma casa ou apartamento para alugar em 2010 teve ganhos de até 15,3% ao ano, frente ao rendimento médio de 9,8% que teria obtido se investisse os mesmos recursos em aplicações financeiras. São dados que refletem a saúde de um setor sólido da economia brasileira e que ajudam a sustentar a confiança de esse momento difícil que vivemos será superado.