BELEZA SUSTENTÁVEL

A busca pelo menor impacto ambiental impulsiona inovações tecnológicas e estabelece novos conceitos de arquitetura e construção

por: CONEXÃO GLOBAL

No passado recente, a ideia de prédios sustentáveis parecia um exagero politicamente correto. Hoje em dia, tal conceito passou a ser pré-requisito para novos empreendimentos, em um mundo em que carros elétricos, fontes de energia alternativas e técnicas de construção de baixo impacto ambiental se tornaram rotina. O fato é que hoje, quase todos arranha-céus praticamente já nascem como empreendimentos capazes de mitigar ao máximo seu impacto nas cidades.

Para avaliar se uma construção atende aos mais relevantes critérios de sustentabilidade, especialistas no assunto usam a certificação internacional LEED (sigla de Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pela organização não-governamental americana United States Green Building Council (USGBC). Entre os pontos analisados estão localização, impacto nos transportes, eficiência de uso de água e energia, materiais e recursos utilizados na obra, qualidade dos ambientes e utilização de soluções
inovadoras. 

Atualmente, existem 150 000 projetos certificados com o selo LEED de sustentabilidade no mundo. No Brasil, onde a avaliação é realizada desde 2007, já são 550 prédios certificados (ou
green buildings, como são chamados). Tal número, coloca o país na quarta posição do ranking global, perdendo apenas para Estados Unidos, China e Índia. 

Entre os green buildings brasileiros, o Berrini One, localizado no eixo da Avenida Luís Carlos Berrini, zona sul de São Paulo, recebeu a certificação LEED Gold, em fevereiro de 2017 pela estratégia de redução de impacto ambiental adotados no projeto. As medidas adotadas no prédio de 31 andares, erguido pela Bueno Netto, a mesma construtora do Parque Global, exemplificam a gama de requisitos necessário 
para se alcançar a certificação. No Berrini One, os cuidados começaram
na escolha da localização, próxima do transporte público e serviços básicos, como restaurantes, mercado, escola e padaria, como uma forma de promover a interação do empreendimento com o comércio local.

Ainda na fase das obras, adotou-se um plano de controle de erosão e sedimentação para reduzir a poluição. O projeto levou em conta detalhes como o dimensionamento do estacionamento para valorizar veículos de baixa emissão e baixo consumo, além da instalação de bicicletários e vestiários com chuveiros para estimular o uso de transportes alternativos e com isso reduzir o uso individual dos automóveis. Na área externa, mais de 5.000 metros quadrados foram destinados a jardins, áreas permeáveis, paisagismo, uma vez que todas as vagas de estacionamento se localizam no subsolo.

O uso racional de água é um requisito fundamental para que um empreendimento alcance a certificação LEED. Nesse aspecto, o Berrini One tem um reservatório de água de reuso com capacidade de 330.000 litros que permite o aproveitamento de águas pluviais e condensadas do sistema de ar condicionado para fins não potáveis, como abastecimento da irrigação e alimentação das bacias e mictórios, reduzindo a demanda de água potável no empreendimento. Os sanitários contam com equipamentos economizadores de água, como bacias com sistema dual flush, mictórios e torneiras de lavatório com fechamento automático para reduzir a demanda por água. Tais medidas permitem a redução em 48% na demanda de água para a operação do edifício. 

Na área de energia, o prédio utiliza um sistema de ar condicionado computadorizado de última geração e iluminação interna e externa 
de alta eficiência. Dois geradores permitem a cogeração de energia para os horários de pico e os elevadores são dotados de um sistema de recuperação de energia cinética. As fachadas são revestidas com vidros especiais que contribuem para a economia de energia, tanto para refrigeração do ambiente como iluminação. 

No acabamento interno, optou-se pelo uso de adesivos, selantes, tintas e 
revestimentos com baixo valor de compostos orgânicos voláteis, o que reduz drasticamente a quantidade de contaminantes no ar interno, prejudiciais para os ocupantes. Todos os fornecedores de pisos utilizados no edifício também seguem protocolos de boas práticas de sustentabilidade. 

Ao adotar tais cuidados e critérios, o Berrini One se alinha a outros 
representantes globais da família de prédios verdes. Tratam-se empreendimentos como os sete edifícios reunidos a seguir, escolhidos a partir de uma consulta realizada a arquitetos de todo o mundo pela revista americana Architectural Digest. Confira a seleção que brilha ao combinar conceitos de beleza, inovação e responsabilidade ambiental.

Bank of America Tower (Nova York, EUA)

Desenhado pelo americano Rick Cook, a Bank of America Tower, em Nova York, tem seus andares envidraçados do piso ao teto o que diminui os gastos com aquecimento e com iluminação artificial. O prédio também é dotado de um sistema de reuso de água com dutos especiais que recolhem a chuva espalhados pela fachada. 

Shangai Tower (Xangai, China)

Projeto do escritório americano Gensler, é segundo prédio mais alto do mundo, perdendo apenas para o Burj Khalifa, de Dubai. Com 685 metros de altura, tem recursos como o revestimento de duas camadas de vidro, o que reduz drasticamente o coeficiente de pegada de carbono do edifício. Em um recurso que reforça o compromisso ambiental, toda a iluminação externa do edifício consome energia produzida em geradores eólicos.

Bahrain Wolrd Trade Center (Manana, Bahrain)

Desenhado pelo escritório Atkins em 2008, tem recursos ecologicamente corretos como três plataformas suspensas dotadas de turbinas eólicas que geram energia a partir do vento constante que sopra na região do Golfo Pérsico.


Pixel Building (Melbourne, Austrália)

Exemplo arrojado de arquitetura verde, foi desenhado pelo escritório australiano Studio 505 e usa recursos como um intricado painel de materiais reciclados para maximizar a iluminação interna. Ideias criativas como essa o transformaram no primeiro prédio com pegada neutral de carbono da Oceania.

Taipei 101 (Taipé, Taiwan)

Desenhado em 2004 pelo arquiteto taiwanês C. Y. Lee, tem 550 metros de altura e conta com dispositivos como um sistema de baixo fluxo de água que reduz em até 30% o consumo em comparação a edifícios comerciais convencionais. Isso significa uma economia de quase 2 milhões de litros de água por ano.

One Central Park (Sydney, Austrália)

Concebido pelo renomado arquiteto francês Jean Nouvel é recoberto por uma minifloresta com 35 especies diferentes de plantas que além de reduzirem o coeficiente de emissão de carbono criam um sombreamento natural que poupa energia das máquinas de ar condicionado.

 

Oasia Hotel (Singapura)

Projetado pelo escritório WOHA, baseado na cidade-estado asiática, foi inaugurado em 2016. Entre os detalhes ecológicos que apresenta, o mais curioso é um sistema de nichos e placas perfuradas na fachada que permitem a ventilação natural do interior do edifício.