Eventos assemelhados em grandiosidade aos Jogos OlÍmpicos e Copas do Mundo de Futebol, as Exposições Mundiais costumam ser a vitrine do que existe de mais grandiloquente, moderno e arrojado seja para a cidade que as sediam como para os países que nelas montam seus pavilhões de exibição. Os planos para a Expo Dubai 2020 seguiam à risca esse receituário quando a eclosão da pandemia virou o mundo de cabeça para baixo. A atração principal do evento, uma colossal estrutura batizada como Al Wasl, já estava pronta quando a organização do evento decidiu adiar a inauguração da exposição para setembro de 2021. Não foi com certa dose de consternação que os sheiks do emirado nas margens do Golfo Pérsico postergaram a abertura ao público de um complexo gigantesco, construído justamente com a intenção de assombrar os visitantes, com seus 67 metros de altura e um revestimento especial que a transforma em uma tela imersiva para projeções espetaculares em 360 graus, seja do lado de dentro ou de fora.

A parte até agora já concluída da estrutura, por si só, já é um espanto. A peça final da cúpula foi feita em treliça de aço e foi desenhada para ser a cobertura da praça central da Expo Dubai 2020. Constituída por uma espécie de treliça de aço, foi montada sobre uma base que segue o mesmo padrão a partir de um intrincado processo de montagem estrutural. Suas 550 toneladas de aço moldado precisavam ser posicionadas com precisão no topo da estrutura vertical – o projeto admitia uma margem de variação de apenas três milímetros entre as estruturas pré-fabricadas.

Para ter certeza que o alinhamento perfeito do colosso de aço seria perfeito, aparelhos de GPS ultrassensíveis monitoraram cada passo do processo. “Qualquer mudança na direção do vento ou na temperatura do ar poderia ter tido um grande impacto em nossos cálculos”, explica Ahmed Al Khatib, diretor de desenvolvimento da Expo 2020 Dubai. “O monitoramento e avaliação constante de cada etapa da obra foram essenciais durante todo o processo”. A operação envolveu 800 técnicos no local e uma vez posicionada, a cúpula foi soldada à base em um processo que durou 25 dias. Pronta, a Al Wasl tem uma volumetria que equivale a 724 000 metros cúbicos e é duas vezes mais alta que o Cristo Redentor. 

A cúpula foi feita para ser um símbolo de Dubai, mas é também um ode à globalização e cooperação entre os povos. República Tcheca, Hungria e Polônia forneceram o aço bruto, moldado em curvas suaves por empresas na Bélgica, Alemanha e Espanha. Sua intrincada treliça ganhou forma final na Itália, na empresa Cimolai Rimond, e dali foi enviada em partes para Dubai. A cúpula foi desenhada pelos arquitetos norte-americanos Adrian Smith e Gordon Gill, e empresas do Canadá, China, França, Japão e México também desempenharam papéis importantes na elaboração do projeto. 

A Exposição Universal, também chamada de Feira Mundial, é um evento que acontece desde 1851 para que as nações apresentem umas às outras o que tem de melhor, da cultura à tecnologia. Para a primeira delas, em Londres, foi construído o famoso Palácio de Cristal. Paris construiu a Torre Eiffel para a exibição de 1889, e a Estátua da Liberdade foi apresentada ao público no evento de 1876, antes que ela fosse instalada na entrada da baía de Nova York. Dubai não poupou esforços para impressionar seus visitantes como seus antecessores fizeram e promete uma grandiosa celebração para marcar uma nova fase das relações internacionais com o fim da pandemia do coronavírus.

O nome Al Wasl significa ‘conexão’ em árabe, e o Al Wasl Plaza será o coração pulsante do site da Expo 2020, conectando os três distritos temáticos e fornecendo um ponto focal para os visitantes durante o evento de seis meses, e refletindo o tema da Expo 2020 Dubai:  “Conectando Mentes, Criando o Futuro”. Terminada a Expo, o espaço sediará apresentações de artistas globais e outras grandes celebrações do planeta como a celebração do Reveillon, o Diwali hindu e o Ano Novo Chinês.