OS HOSPITAIS DO FUTURO

Arquitetos se valem da tecnologia para criar instalações cada vez mais arrojadas nos grandes centros médicos do mundo

 

por: CONEXÃO GLOBAL

Uma tendência em alta nos países mais avançados é a que leva grandes hospitais e núcleos de medicina de ponta incorporarem em suas instalações os mesmos conceitos de arrojo e modernidade que norteiam suas pesquisas e tratamentos. Alguns deles, como o complexo de saúde americano Cleveland Clinic, radicalizam a proposta. Em seu portfólio de 64 unidades espalhadas pelo território americano, o centro hospitalar sediado de Ohio abriga uma pequena joia da arquitetura e da tecnologia. Trata-se do Lou Ruvo Center for Brain Health, localizado em Las Vegas e desenhado pelo arquiteto canadense Frank Gehry, autor das obras icônicas como o Museu Guggenhein de Bilbao, na Espanha.

Constituída de placas metálicas sobrepostas e com 199 janelas, a clínica de 6 000 metros quadrados foi desenhada como um espaço de estudo e tratamento de doenças neurodegenerativas, entre elas Alzheimer e esclerose múltipla. Ali, buscou-se utilizar os amplos espaços e a estrutura arquitetônica como um estímulo aos doentes que buscam tratamento. Erguida ao custo de 100 milhões de dólares (cerca de 550 milhões de reais), a clínica levou ao extremo as técnicas e conceitos atualmente discutidos em congressos e seminários voltados aos modelos de hospitais do futuro.

Em 131 anos de história, o hospital da Universidade Johns Hopkins também tem procurado refletir o altíssimo padrão das pesquisas e atendimentos que realiza no complexo de 44 prédios de tijolos vermelhos que ocupa na cidade de Baltimore, estado de Maryland. Foi ali que se inventou o processo de diálise renal e o implante de marcapasso com bateria e nos últimos anos, o hospital tem se dedicado a uma infinidade de pesquisas na área de genética, neurologia celular, diabetes e câncer, tanto em adultos como crianças. Nos últimos oito anos, a sede tem passado por uma série de reformas e ampliações que gerou complexos espetaculares, como as duas torres de 12 andares do Charlotte Bloomberg Children’s Center e do Centro Sheikh Zayed, com um total de 536 quartos, 33 salas de cirurgia e 150 000 metros quadrados.

No novo complexo, projetado pelos arquitetos do escritório Perkins+Will, de Chicago, mudou-se radicalmente o conceito de ambiente hospitalar com muita luz natural, obras de arte, vãos livres, moveis arrojados, isolamento acústico de última geração e instalações como brinquedotecas na ala infantil. Uma nova etapa de reformas foi lançada no início de 2020 e deve incluir um novo centro de laboratórios e pesquisa no local antes ocupado por um prédio erguido em 1915. ”Esse novo projeto nos manterá no topo das pesquisas científicas”, diz Sally MacConnell, vice-presidente da área de instalações físicas do Johns Hopkins Health System. O novo prédio, batizado provisoriamente como North Tower foi desenhado pelos arquitetos do escritório Ayers Saint Gross e deve ser entregue em 2023, ao custo de 400 milhões de dólares (cerca de 2,2 bilhões de reais).

Assim como nos Estados Unidos, os hospitais europeus também tem buscado se reinventar. Na Alemanha, o escritório HDR, de Dusseldorf, se tornou referência em projetos de hospitais ou ampliação e revitalização de unidades antigas. Para o arquiteto Johannes Kresimon, sócio do escritório e chefe de uma equipe de 300 profissionais, os hospitais do futuro devem ser projetados de forma que os pacientes recebam o melhor atendimento médico existente e também se beneficiem de um ambiente de alta qualidade. ”Também é muito importante que médicos, enfermeiros e pesquisadores de saúde encontrem um ambiente que lhes garanta conforto em um trabalho que já estressante”, explica. Entre os prédios projetados pelo HDR estão o novo edifício de neurologia, psiquiatria e psicologia da Universidade de Bonn, que custou 80 milhões de euros (cerca de 500 milhões de reais). ”É um ambiente de tratamento ideal, consistindo em ambulatórios especializados, instalações de terapia e estações de trabalho luminosas e modernas’, diz Kresimon. Definitivamente, os hospitais soturnos, iluminados com luz fluorescente e ambientes lotados de equipamentos fazem parte do passado.