SHOW COM JEITO DE VIDEOGAME

Novos formatos de apresentações artísticas digitais baseadas na realidade virtual ganham espaço na indústria do entretenimento

por: CONEXÃO GLOBAL

Entre as cenas inusitadas que surgiram em meio à pandemia estão as dos shows e concertos de rock. Estádios tiveram os gramados transformados em estacionamento em frente ao palco, pessoas se reuniram em pequenos grupos dentro de cercadinhos e até em cápsulas de plástico para garantir o isolamento necessário e evitar o contágio. Em meio às pitorescas tentativas de manter o show-business em atividade e trazer as emoções de um show ao vivo para outros modelos de espetáculo, chamou a atenção uma iniciativa protagonizada pelo cantor americano John Legend, astro do soul e rhythm & blues, que ostenta um Oscar de melhor canção e onze prêmios Grammy no currículo. 

 

No dia 25 de julho, Legend estrelou um show que misturava tecnologias de realidade virtual, conectividade e computação gráfica usadas para interagir com o público em tempo real. Produzido pela empresa de tecnologia Wave, a apresentação do astro da música negra americana usou a mesma tecnologia de captura de movimentos aplicada em filmes de sucesso como Star Wars: A ascensão de Skywalker, Avengers: Guerra Infinita e Wolverine e dos videogames Creed: Rise to Glory e Counter Strike

Para realizar seu show, o cantor vestiu-se com uma roupa especial dotada de sensores conhecida como
Animate Motion Capture System. Pelo sistema, uma câmera especial captava sua performance enquanto softwares de geração de imagem computadorizada produziam um avatar, exibido na transmissão em tempo real, via Twitter e YouTube. O grau de detalhamento era tamanho que a imagem reproduzia até as expressões faciais de Legend enquanto ele cantava ou conversava com os internautas. No canto direito da tela, os espectadores podiam ver a performance do artista no estúdio e comparar com o resultado digitalizado. Semanas antes da transmissão ser realizada, a empresa produtora do espetáculo recebeu um aporte de fundos de investimento no valor de 30 milhões de dólares para expandir seus negócios. Antes dos shows digitalizados da Wave, a tecnologia vinha sendo usada principalmente nas áreas de saúde para medir a interação entre o corpo humano e sistemas digitais, análise de locomoção por softwares de imagem e na área esportiva, com atletas de alto rendimento. Depois do show de Legend, a Wave realizou dezenas de transmissões semelhantes, como as do canadense The Weeknd para o aplicativo TikTok e da violinista californiana Lindsey Stirling, finalista do America’s Got Talent

As apresentações digitais em realidade virtual são a mais recente novidade em uma indústria que surgiu há cerca de uma década, com shows em grandes arenas que exibiam imagens holográficas de artistas. Apesar do entusiasmo inicial, o formato não vingou. Atualmente, diversas empresas se aventuram na utilização de diferentes tecnologias para trazer novas opções que juntem entretenimento e alto grau de interação entre público e artistas, via internet.

 É o caso da 1RIC, empresa de Los Angeles, criadora de um aplicativo para smartphones que coloca o artista e o fã na mesma tela do celular. Funciona assim: a empresa convida o artista ao seu estúdio, equipado com 106 câmeras, e cria um holograma. O fã, por sua vez, se posiciona à frente da câmera do seu smartphone. Graças a ferramentas de inteligência artificial, ambos conseguem interagir, cantar e dançar juntos – e, o mais legal, produzir um vídeo da performance. Os vídeos, claro, podem ser compartilhados nas redes sociais e já fazem sucesso no TikTok e outras redes.